A importância do sono na saúde
Todos nós sentimos a necessidade de descansar. Afinal, o corpo o humano,apesar de toda a sua complexidade, não é uma máquina e precisa repor suas energias pela alimentação e pelo sono. Mas, será que o sono só serve para nos fazer relaxar?
Sempre ouvimos que o ideal é dormir oito horas por dia e isso não é exagero. Uma noite mal dormida é, invariavelmente, uma porta de entrada para uma série de inconvenientes. Cientificamente já foi comprovado que além do impacto físico, emocional e até estético, o sono interfere também na saúde. E, tratando-se do organismo, o alerta pisca com mais intensidade: a insônia crônica pode desencadear problemas cardíacos graves. De acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, pessoas que sofrem de insônia elevam a pressão arterial à noite. Hipertensão, vale lembrar, é um dos fatores de risco mais perigosos para o coração.
A pesquisa revelou que os efeitos da insônia crônica a longo prazo são nocivos até mesmo para pessoas sem predisposição a problemas cardíacos. Segundo os especialistas que conduziram o estudo, o ritmo da pressão arterial aumenta quando o sono não vem, ou seja, ela não cumpre um ciclo natural. Uma boa noite de sono de 8 horas diminui normalmente a pressão enquanto a pessoa dorme.
Ciclos do Sono
O sono é um estado transitório e reversível, que se alterna com a vigília (estado desperto). Trata-se de um processo ativo envolvendo múltiplos e complexos mecanismos fisiológicos e comportamentais em vários sistemas e regiões do sistema nervoso central. São identificados no sono dois estados distintos: o sono mais lento (sono não REM) que é dividido em três fases segundo a progressão e a profundidade e o sono com atividade cerebral de baixa amplitude e mais rápida (sono REM). Este ultimo estado é caracterizado por movimentos oculares rápidos e de relaxamento muscular máximo, alem de ser a fase onde ocorrem os sonhos. Em um indivíduo normal, o sono não REM e o sono REM alternam-se ciclicamente ao longo da noite repetindo-se a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6 ciclos por noite. Normalmente o sono não REM concentra-se na primeira parte da noite, enquanto o sono REM predomina na segunda parte.
Benefícios de uma noite de sono
Obesidade: durante o sono, o corpo produz o hormônio leptina, responsável pela sensação de saciedade. Pessoas com apneia do sono e insônia podem sentir mais vontade de comer pela carência dessa substância. Além disso, nosso corpo queima calorias durante as horas de sono, sendo que dormir menos de oito horas pode reduzir em até 55% esse consumo.
Diabetes: dormir mal aumenta a resistência do corpo à insulina, complicando ainda mais o controle da doença. De acordo com pesquisadores da Northwestern University, dos Estados Unidos, 82% dos pacientes diabéticos que apresentam dificuldades para dormir e que tiveram seu sono monitorado apresentaram resistência à insulina.
Hipertensão: o cansaço provocado por diversas noites mal dormidas causa estresse e aumenta a pressão sanguínea, causando hipertensão no médio prazo. Segundo estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, a hipertensão desencadeada por insônia afeta até mesmo os paciente sem predisposição à doença.
Memória: pessoas que dormem bem absorvem melhor as informações que recebem durante o dia. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Lubeck, na Alemanha, durante as horas de sono ocorre a produção de proteínas responsáveis pelas conexões neurais, fundamentais para o aprendizado e a memória.
Depressão: pessoas que dormem menos de seis horas por dia têm mais chances de desenvolver depressão, é o que afirma o estudo realizado pelo Cleveland Clinic Sleep Disorders Center, nos Estados Unidos, que constatou que quem dorme de seis a nove horas tem mais ânimo e qualidade de vida.
Melatonina para uma boa noite de sono
>> Propriedades
A melatonina ou N-acetil-5-metoxitriptamina é um hormônio produzido pela glândula pineal, sintetizada a partir da serotonina pela conversão inicial do triptofano em serotonina; conversão dessa em N-acetilserotonina e por último a conversão da N-acetilserotonina em melatonina. A secreção desse hormônio diminui com a idade e influi sobre o ritmo sazonal e circadiano, sobre o ciclo sono-vigília e sobre a reprodução. Apresenta um padrão de secreção dia-noite, sensível a luminosidade, com início de elevação no início da noite e queda no final da mesma. A exposição á luminosidade (luz brilhante) é suficiente para suprimir a síntese de melatonina. Esse hormônio funciona como indutor do sono e estudos recentes sugerem que ela age mais como um agente que prepara para o sono talvez sinalizando para uma redução da temperatura corporal. Nesse sentido, ela atuaria através de suas propriedades cronobióticas.
“A melatonina não dá sono, mas prepara o corpo para a noite, o que deve ser respeitado”, diz Myrna Campagnoli, endocrinologista do laboratório Frischmann Aisengart. Uma metanálise recente mostrou que a melatonina não altera a substancialmente as medidas do sono, reforçando assim o conceito anterior.
A luz é o fator ambiental mais importante para a regulação da síntese de melatonina e responsável pelo ritmo circadiano de sua secreção. Tal ritmo é gerado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo que atua como um oscilador circadiano endógeno, pois estudos demonstraram que, quando isolado de outras estruturas do encéfalo, seus neurônios mantêm o ritmo circadiano. A luz tem ação inibitória sobre a pineal, realizada pela seguinte via: impulsos luminosos excitam os neurônios da retina que fazem conexão com o núcleo supraquiasmático através do trato retinohipotalâmico cujas fibras são glutamatérgicas. Do núcleo supraquiasmático partem projeções gabaérgicas inibitórias para o núcleo paraventricular, onde conexões da porção subparaventricular se ligam ao núcleo dorsomedial do hipotálamo, controlando ritmos circadianos relacionados com sono-vigília, atividade locomotora, alimentação e síntese de corticosteróides. Outras fibras eferentes do núcleo paraventricular fazem sinapses com neurônios préganglionares simpáticos da medula espinhal (via feixe prosencefálico medial e formação reticular). Estes se conectam aos neurônios pós-ganglionares simpáticos do gânglio cervical superior que, por sua vez, enviam fibras noradrenérgicas à glândula pineal. Elas atuam nos receptores adrenérgicos â, elevando os níveis intracelulares de AMP cíclico nos pinealócitos e induzindo a expressão da N-acetiltransferase5 que resulta na síntese da melatonina. Assim, no período de luz, o núcleo supraquiasmático está ativo e, graças à sua ação inibitória gabaérgica sobre o núcleo paraventricular, não há estimulação noradrenérgica da pineal, enquanto que na fase escura o núcleo supraquiasmático está inativo e, portanto, há ativação da pineal. A exposição à luz durante a fase escura inibe a produção de melatonina de forma aguda, mas a escuridão não estimula a sua produção.
Ou seja, o atraso na produção da melatonina ocorre sempre que se deixa alguma luz acesa, ou mesmo pela luz noturna ambiente. Também ocorre quando se usa aparelhos eletrônicos de LED antes de dormir ou se um paciente precisa tomar um medicamento beta bloqueador.
A redução na produção da melatonina pelo organismo pode provocar distúrbios de crescimento e até deficiência insulínica. Quando a melatonina é secretada em horários diferentes do fisiológico, ocorre aumento da sonolência e diminuição da temperatura corporal. De forma semelhante, se a melatonina é inibida pela luz, há diminuição da sonolência e aumento da temperatura corporal.
>> Entre as várias ações da melatonina já comprovadas, se destacam:
Imunomodulatória (agindo sobre linfócitos, citocinas, entre outros) melhorando as defesas imunológicas do organismo;
Antiinflamatória (inibindo prostaglandinas e regulando a COX-2);
Antitumoral (inibindo mitoses e suprimindo a recaptação do ácido linoléico, regulando assim receptores de estrogênio) incluindo o câncer de cólon e mama;
Antioxidante (regulando pró-oxidantes envolvidos na síntese do óxido nítrico e lipoxigenases), e cronobiológica (regulando os ritmos biológicos);
Ajuda a combater o estresse oxidativo, prevenindo e desacelerando a progressão da aterosclerose, Doença de Parkinson, Doença de Alzheimer, Acidentes vasculares cerebrais, esclerose múltipla, síndrome da fadiga crônica e outras doenças neurodegenerativas;
A melatonina também pode ser usada para cães com a finalidade de controlar o estresse, reduzindo a ansiedade sentida por eles. A melatonina mesmo sendo segura, ainda é um hormônio e é indicado a orientação de um profissional da saúde para seu consumo.
>> Dosagem Usual
Dependendo do seu uso, pode ser administrado até 10mg diárias. As doses normais para tomar, as quais irão proporcionar a regularização do sono, variam de 0,3 a 06 miligramas do produto. Algumas insônias, mais avançadas, pedem até 20 miligramas, entretanto devem ser administradas com a ajuda de um médico. Para pessoas que estão com insônia, as melhores doses, e que são, também, as mais controladas, são de um a três miligramas. Dependendo da aceitação ou não aceitação do corpo ao medicamento, aumenta-se a dose. Na Boaformula você encontra a melatonina pronta nas dosagens de 3mg e 5mg.
>> Reações adversas
A melatonina é considerada uma substância de baixa toxicidade e uso seguro principalmente se comparada com diversos fármacos de uso comum, principalmente os hipnoindutores. Foram relatadas reações como fadiga, cefaleia, tontura e irritabilidade, além de sonolência diurna. O efeito em longo prazo ainda é desconhecido.
>> Contraindicações
O uso da melatonina é contraindicado em casos de gravidez e aleitamento. É recomendável evitar o uso da melatonina para bebês e crianças. Uma terapia hormonal por si só é bastante delicada, pois interfere em todo o sistema neuroendócrino, especialmente em faixas etárias mais baixas, para aqueles que estão em plena fase de desenvolvimento. Trabalhadores não devem operar máquinas cerca de 4 a 5 horas depois da ingestão de melatonina.
>> Interações medicamentosas
Nunca use a melatonina concomitantemente com medicamentos sedativos (Clonazepam, Lorazepam, Fenobarbital, Zolpidem, etc), pois a sonolência será excessiva.
Nunca a utilize também se estiver fazendo uso de imunossupressores, como os transplantados, por exemplo. A melatonina é um estimulante para o sistema imunológico.
Não utilize a melatonina fazendo o uso de drogas anticoagulantes. A melatonina pode afetar processos de coagulação sanguínea, o que aumenta consideravelmente os riscos de hemorragia.
Os anticoncepcionais parecem estimular a produção endógena de melatonina. Evite a suplementação com a melatonina sintética.
A ingestão de bebidas ou suplementos a base de cafeína diminuem a eficácia da melatonina.
Referencia:
https://www.endocrino.org.br/
Matéria Fornecedor Embrafarma
Matéria ConsulFarma
Artigos Scielo
A sua saúde em boas mãos.
Fonte: Articulista Natália F. Jonas (@nfeksa)