Espinheira Santa – Planta medicinal Nativa do Brasil
Nome científico: Maytenus ilicifolia Martius.
Sinonímia científica: Maytenus buchananni Loes.
Nome popular: Espinheira Santa, Cancrosa, Cancerosa, Cominho-do-campo, Espinho-dedeus, no Brasil; Congorosa e Cangorosa, no Paraguai; Mayten, no Chile; Sombra de Toro, Salva-vidas, Quebrachillo e pus pus, na Argentina.
Família: Celastraceae.
Parte Utilizada: Folha e caule.
Composição Química: Alcalóides: maitanprina, maitansina, maitanbutina e cafeína; Terpenos: maitenina, tingenona e isotenginona III, congorosina A e B, ácido maitenóico, ácido salasperônico, friedelina e friedelinol; flavonóides; leucoantocianidinas; ácido clorogênico; delta-amirina; taninos; traços de sais minerais e oligoelementos
Hoje na dica saudável trouxemos para vocês mais um medicamento fitoterápico: a Espinheira Santa. O uso de plantas medicinais demonstra uma interação com o ambiente, se beneficiando da natureza como recurso ao cuidado a saúde. Esse contato com o ambiente ajuda o restabelecimento do organismo doente e permite a retomada do equilíbrio, restaurando o sistema. Pertencente à família Celastraceae, Maytenus ilicifolia é conhecida popularmente como maiteno, espinheira-santa, cancerosa, cancrosa, salva-vidas, coromilho-do-campo, espinho-de-deus.
A planta é originária do Brasil, nativa de regiões de altitude do sul, sendo a parte utilizada a folha e o caule. Aqui na região sul do país é bastante intenso o uso da espinheira santa com finalidade terapêutica. Esse consumo foi intensificado com o reconhecimento cientifico de suas propriedades medicinais. Essa planta medicinal é usada tradicionalmente para auxiliar no alívio da má digestão e coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera do estômago e duodeno, atuando como regulador das funções estomacais e promove a proteção da mucosa gástrica. Tem seu uso popular difundido por sua ação cicatrizante, antisséptica, laxativa e, até mesmo, no tratamento de asma, espasmos e contra a retenção de líquidos.
Benefícios da Espinheira Santa
- Antisséptica
- Protetora gástrica
- Cicatrizante
- Laxativa
- Anti-inflamatória
- Calmante
- Analgésica
Políticas relacionadas às práticas com plantas medicinais
No Brasil existe uma grande biodiversidade (ALHO, 2012), o que exige cuidado no uso e consumo das espécies, uma vez que frequentemente recebem diferentes nomes e formas de uso de acordo com a cultura estabelecida. Este fato é resultado da diversidade de povos que constituem a população do país.
A saúde é definida como uma sensação de bem-estar, que é resultado de um equilíbrio dinâmico e isto envolve as dimensões físicas e psicológicas do ser humano, bem como as interações advindas do ambiente natural e social (Capra, 2012). A assistência em saúde busca compreender o contexto em que estão envolvidas as pessoas, qual etapa do ciclo vital em que se encontram e principalmente como enxergam o processo saúde e doença. Valorizar a diversidade de contexto cultural possibilita uma forma de cuidado congruente e com vistas à integralidade do ser humano (Michel et al., 2010).
“O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovado por meio da Portaria Interministerial n° 2960 de 09 de dezembro de 2008, visa preservar os conhecimentos, saberes e práticas relacionados a plantas medicinais e outros remédios caseiros com vistas a validar os produtos ancestrais garantidos pela tradição. Tal validação tem como objetivo propiciar a inclusão desses saberes e produtos no Sistema Único de Saúde (BRITO, 2009). Neste contexto, em 2009 foi criada a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), no qual se encontram 71 plantas de indicação terapêutica a população. Dentre essas plantas, encontra-se a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia). Neste sentido, no documento, existe uma observação referente à necessidade da definição de estudos para cultivo e indicação da espinheira-santa (BRASIL, 2009). Diante o exposto, com intuito de garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso ao uso de plantas medicinais sob suas diversas apresentações a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n°10 em 09 de março de 2010 (BRASIL, 2010a). Além das diversas disposições gerais e definições referentes a plantas medicinais presentes na RDC, consta um anexo que detalha o uso, as indicações e contra-indicações de 66 plantas, incluindo a M. ilicifolia. Cabe ressaltar que dentre as referências desta Resolução estão bibliografias farmacológicas, monografias e livros com considerações científicas e populares.”
Caracterisiticas botânicas
A espinheira-santa é um subarbusto, seu tamanho pode variar de 2 a 5 metros de altura. O caule é lenhoso e ostenta folhas pontiagudas e denteadas de 4 a 12 centímetros de comprimento. Os frutos são cápsulas achatadas que abrigam as sementes, de cor vermelha, contendo 1 a 2 sementes de cor preta.Dotada de copa arredondada e densa é nativo de regiões de altitude do sul do Brasil. Folhas coriáceas e brilhantes, com margens providas de espinhos pouco rígidos. Flores pequenas de cor amarelada. Os principais constituintes químicos da espinheira-santa são os terpenos, flavonóides, mucilagens, antocianos, óleos essenciais, ácido tânico, silício, sais de ferro, enxofre, sódio e cálcio, matérias resinosas e aromáticas 20 (LAMEIRA; PINTO, 2008; LORENZI; MATTOS, 2008). Para propagação da espinheira-santa podem ser utilizadas sementes, estacas de raízes e cultura de tecidos (LAMEIRA; PINTO, 2008). O crescimento e desenvolvimento das plantas de espinheira-santa ocorrem em solo rico em matéria orgânica, em a meio natureza e à sombra (CIRO et al., 2003).
Ocorrência
Originária da América do Sul, a espinheira-santa se desenvolve em três biomas: no Cerrado, na Mata Atlântica e, principalmente, no Pampa. Está presente, também, em regiões do Paraguai, da Bolívia e da Argentina A espécie ocorre com frequência em toda a Região Sul brasileira (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e, em menor grau, na Região Sudeste (São Paulo) e na Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul).
História da Espinheira Santa
A interação do ser humano com o ambiente, e o uso de plantas com a finalidade terapêutica tem sua origem muito antiga, produto da transmissão de conhecimento em sucessivas gerações e mesmo com o avanço da medicina os produtos de origem vegetal alicerçam o tratamento de diferentes patologias (BRASIL, 2006b).
Na medicina popular a espinheira-santa possui oito diferentes indicações. O tratamento da gastrite com o uso da planta tem sua eficácia confirmada cientificamente. Porém, ainda é necessário o aprimoramento de pesquisas para comprovação de ação depurativa do sangue, um dos usos populares citados (MARIOT; BARBIERI, 2007). O uso popular também inclui a utilização para fins de emagrecimento, tratamentos de problemas de bexiga, problemas renais, problemas ou dores estomacais, tratamento de úlceras do estômago, gastrite, diabetes e problemas intestinais (MARIOT; BARBIERI, 2007; MACEDO; OSHIIWA; GUARRIDO, 2007; MARIOT et al., 2008).
De acordo com Cirio et al. (2003), a espinheira-santa (M. ilicifolia) tem sua obtenção para fins comerciais a partir do extrativismo ou de plantas cultivadas, das quais são coletados os ramos e as folhas do terço superior em podas anuais. Essa espécie está ameaçada de extinção no Brasil, por ser explorada em regime basicamente extrativista (BATALHA et al., 2002). Seu nome popular deve-se ao fato de suas folhas possuírem bordas com espinhos e por possuir propriedades medicinais (MAGALHÃES, 2002). As folhas secas são inodoras e com sabor suave, levemente adstringente (BRASIL, 2011). As folhas de espinheira-santa (M. ilicifolia) possuem grande interesse farmacêutico. Isso ocorre em razão de essa planta apresentar comprovados efeitos sobre acidez e ulcerações do estômago. Essas duas atividades medicinais são comprovadas por pesquisas coordenadas pela Central de Medicamentos (Ceme) do Ministério da Saúde do Brasil (DI STASI, 2004). (Cirio et al. (2003))
Benefícios da Espinheira Santa para a Saúde:
Esta planta possui várias propriedades benéficas ao nosso organismo. Estudos relatam benefícios dos taninos e dos óleos essenciais presentes na espécie especialmente no tratamento de úlceras gástricas, gastrite, azia, queimação e problemas intestinais. Tem seu uso popular difundido por sua ação cicatrizante, antisséptica, laxativa e, até mesmo, no tratamento de asma, espasmos e contra a retenção de líquidos.
Estudos etnobotânicos revelam que a M. ilicifolia, é utilizada com propósito de ações nos sistemas digestório, urinário e endócrino (MARIOT et al., 2008; MARIOT; BARBIERI, 2007; MACEDO; OSHIIWA; GUARRIDO, 2007). Contribuindo ao exposto, estudos farmacológicos apontam eficácia desta planta no tratamento de distúrbios de motilidade gastrointestinal (BAGGIO et al., 2009). A presença de seus flavonóides tem efeito protetor contra lesões gástricas, pela inibição da secreção do suco gástrico (CIPRIANI et al 2006; BAGGIO et al., 2007).
Possui propriedades antiulcerogênicas comprovadas e, essas atividades farmacológicas estão ligadas aos grupos dos taninos e flavonoides (NEGRI, 2007). Também possui atividade antiespasmódica, anti-inflamatória e cicatrizante, entre outras (NASCIMENTO et al., 2005). De acordo com Di Stasi (2007), a espinheira-santa (M. ilicifolia) é típica da Mata Atlântica, localizada principalmente nas matas originais.
Indicações e Ação Farmacológica
É indicada principalmente nas úlceras gástricas, gastralgias e dispepsias. É usada também como antiasmática, contraceptiva e antitumoral. Grande parte dos estudos realizados com a Espinheira Santa foram realizados no Brasil. Um dos primeiros estudos mostrou que a maitenina apresenta atividade antibacteriana in vitro frente às bactérias Gram positivas, tais como: o Bacillus subtilis, Stafilococcus aureus e Streptococcus spp.
Na Argentina também se constatou esses resultados. A maitenina também apresentou atividade inibitória de sarcomas em experimentos realizados. Quando estas provas foram ensaiadas em pacientes com distintas patologias neoplásicas avançadas resistentes à quimioterapia, puderam observar resultados positivos empregandose doses de 150 mcg/kg diárias em carcinomas epidermoides nas amídalas, na base da língua e na faringe. Em todos os casos, a redução das lesões foi entre 40 e 60% durante o período do experimento, não se observando toxicidade gastrintestinal e nem alterações hematológicas.
Cinco anos mais tarde, pôde-se constatar a atividade antitumoral do alcalóide maitansina. Essa substância exerce uma ação através da interferência na síntese da tubulina, uma proteína que intervém na síntese dos microtúbulos, necessários para o funcionamento correto das organelas da célula tumoral. Também se sabem de sua atividade citotóxica nas células Leuk-P 388, CA-9KB e V79. Experimentos realizados na Escola Paulista de Medicina (Unifesp) demonstraram o efeito antiulcerogênico das infusões de Maytenus ilicifolia e Maytenus aquifolium, administrados via intraperitoneal e oral em ratas com úlcera gástrica induzida por indometacina e por situações de stress físico. Finalmente, já foi comprovado o efeito tranquilizante, além de potencializar o efeito dos barbitúricos sobre ratas com extrato aquoso, em doses de 170 mg/kg.
Ela é empregada no tratamento de úlceras e gastrites crônicas, feridas, ulcerações, acnes e eczemas, quando utilizada oralmente. Pode ser encontrada na Boaformula sob diversas formas, como em extrato seco (podendo ser consumida através de cápsulas) e tintura.
Boa contra as úlceras: A espinheira santa conta com taninos que têm poder cicatrizante de lesões ulcerosas no estômago por controlar a produção de ácido clorídrico no órgãos.
Combate a gastrite: A espinheira santa é boa em casos de gastrite. Este benefício ocorre devido aos taninos presentes na planta que estão relacionados à diminuição da secreção do ácido clorídrico pelas células do estômago e assim atenuam a gastrite.
Alivia os gases: A espinheira santa tem ação antisséptica, devido à expressiva quantidade de taninos, atuando rapidamente na paralisação das fermentações gastrintestinais e é carminativa, por isso ela é indicada em casos de gases.
Ação diurética: A espinheira santa tem ação levemente diurética devido à presença de triterpenos, composto bioativo, em sua composição.
Melhora o trânsito intestinal: A espinheira santa melhora o trânsito intestinal devido à mucilagem presente nesta planta.
Alivia dores no estômago: Por evitar a secreção de ácido gástrico, a espinheira santa ajuda a aliviar as dores no estômago.
Previne câncer de pele: Os triterpenos encontrados na espinheira santa possuem propriedades contra o câncer de pele. Vale ressaltar que, caso tenha um tumor, é importante conversar com seu médico antes de consumir a planta.
Ação cicatrizante: A espinheira santa possui na composição os ácidos tônico e silícico, que possuem a ação antisséptica e cicatrizante.
Dosagem e modo de usar:
- Extrato seco: 500mg, 2 vezes ao dia. Opção em cápsula.
- Tintura : 20 gotas diluídas em água, 2 vezes ao dia
Constituintes químicos da espinheira santa
De acordo com Tiberti et al. (2006), as folhas de espinheira-santa (M. ilicifolia) possuem flavonoides heterosídicos, e as substâncias químicas dessa classe são o canferol3-hexose, o canferol-3-ramno-hexose, o canferol-3-di-(ramno)-hexose, o canferol-3- pentose-ramnose, o hiperosídeo (quercetina-3-Gal), a isoquercitrina (quercitina-3-Glu), a quercetina-3-ramno-hexose, a quercetina-3-di-(ramno)-hexose, a quercitrina (quercetina3-ramnose) e a rutina (quercetina-3-Glu-ram). Nas substâncias químicas voláteis e semivoláteis, citam-se o estigmasterol, o esqualeno, a vitamina E, o fitol, o ácido dodecanoico e o acetato geranila (MOSSI et al., 2004).
Conforme Pessuto (2006), as folhas de espinheira-santa possuem taninos, e as substâncias químicas dessa classe são a epicatequina-(4β→8)-catequina (Procianidina B1 ) e a epicatequina-(4β→8)-epicatequina (Procianidina B2 ). Entre os glucosídeos, a substância química encontrada nas folhas da espinheirasanta é o ilicifolinosídeo A, B e C (ZHU et al., 1998). Os triterpenos das folhas são o friedelan-3-ol e a friedelina (YARIWAKE et al., 2005). Já na raiz, os triterpenos são a cangoronina e a ilicifolina, e o sesquiterpeno é o poliéster sesquiterpenos oligonicotinados (ITOKAWA et al., 1993). A raiz possui também os triterpenos quininametídeos maitenina e pristimerina (NOSSAK et al., 2004).
Em estudos realizados por Mossi et. al (2009), os taninos contidos nos extratos de M. ilicifolia sofrem variações em seus teores de acordo com mudanças ambientais, tais como a temperatura e o clima, podendo interferir em até 95% da concentração desses compostos. Já os triterpenos friedelan-3-ona, friedelan-3-ol e friedelina não sofreram variações significativas com as variações ambientais estudadas.
Quando não devo usar este produto?
Pessoas com histórico de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da fórmula não devem fazer uso do produto. Este produto é contraindicado para pessoas com hipersensibilidade e alergia a extratos de Espinheira santa ou outras plantas da família Celastraceae. Este produto é contraindicado para menores de doze anos de idade devido a não existência de relatos de uso nesta faixa etária. Este produto é contraindicado durante a amamentação e a gravidez, visto que pode diminuir a secreção de leite e pode provocar contrações uterinas.
Bibliografia:
Material fornecedor Florien
Dissertação de Pós graduação em enfermagem: Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia): saberes e práticas de erveiros e feirantes que comercializam a planta no centro de Pelotas por Camila Almeida.
Artigos científicos Scielo
Boas práticas para extrativismo sustentável Espinheira Santa file:///C:/Users/natal/Downloads/07_CT_espinheira%20santa_web.pdf
A sua saúde em boas mãos.
Fonte: Articulista Natália F. Jonas (@nfeksa)